quinta-feira, 1 de setembro de 2011

MAGISTRADOS PEDEM CRIAÇÃO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA

Depois de assassinato de juíza no Rio de Janeiro, representante da categoria pede agilidade na aprovação de projeto que já tramita na Câmara

Patrícia Acioli, morta em Niterói

O presidente da Associação dos Juízes Federais (Ajufe), Gabriel Wedy, cobrou nesta terça-feira a aprovação imediata de um projeto de lei que cria a Polícia Judiciária. Em audiência pública nas comissões de Direitos Humanos e Segurança Pública da Câmara dos Deputados, ele disse que o caso da juíza Patrícia Acioli, assassinada há três semanas em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, demonstra a falência do estado brasileiro.


De acordo com Wedy, os agentes de segurança que atuam hoje nos tribunais tem más condições de trabalho, muitas vezes são desviados de sua função original e não têm poder de polícia para atuar em escoltas, por exemplo. Além disso, a maioria deles anda desarmada: "Os poucos seguranças que exercem sua função pagam o porte de arma do próprio bolso", afirmou. Para o magistrado, a criação de uma polícia que atuasse exclusivamente no âmbito do Judiciário previniria novos ataques.

Resistência - A proposta que cria a Polícia Judiciária enfrenta resistência de outras corporações, o que trava a discussão no Congresso. O presidente da Ajufe defende a formação de colegiados de juízes para julgar casos envolvendo o crime organizado. A medida tira a decisão das mãos de um único magistrado, o que desestimula a perseguição e o assassinato de juízes. O modelo já foi aplicado na Itália, em julgamentos da máfia, e na Colômbia, quando as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) esteve no banco dos réus.

Os outros participantes do debate desta terça reforçaram a afirmação de que a segurança dos magistrados é precária no país."Nós não temos condições de garantir a segurança de todas as pessoas ameaçadas", admitiu Marcos Aurélio Pereira de Moura, delegado da Polícia Federal (PF). Para ele, a segurança não pode só ser prestada pela corporação, que não dispõe de homens suficientes para cumprir a tarefa com eficácia.

"Não se pode demorar quinze ou vinte dias para se decidir se o magistrado tem direito a escolta", ressaltou Luís Martius Bezerra Júnior, representante da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). Para César Bechara, presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), a situação é ainda mais grave no interior do país. "Os promotores e juízes estão absolutamente abandonados nos rincões mais afastados do Brasil", afirmou.

Fonte: www.veja.abril.com.br

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